No último sábado, dia 30 de novembro, aconteceu no Centro de Convivência Francisco Bubas, no bairro Jardim das Flores, o 1º Intercentros de Caiaque Polo com a participação dos atletas do Projeto Meninos do Lago dos vários centros de convivência.
Ao todo participaram 60 (sessenta) atletas entre oito a 12 anos dos seguintes Centros Escola Bairro de Foz do Iguaçu: Centro Escola Bairro (CEB) Arnaldo Isidoro de Lima – Vila C; CEB Clóvis Cunha Viana – Lagoa Dourada; CEB Leonel de Moura Brizola – Três Lagoas; CEB Darci Pedro Zanatta – Morumbi; CEB Érico Veríssimo – Jardim São Paulo e CEB Francisco Bubas – Porto Meira.
Um dos grandes destaques do evento foram os núcleos do CEB Leonel de Moura Brizola – Três Lagoas que venceram nas categorias masculino e feminino para alegria de seu treinador, o professor Bruno Ledesma: “Estou muito feliz com os resultados das minhas equipes do Leonel Brizola. Claro que neste centro o atendimento vai um pouco mais além dos 12 anos, de forma que as minhas crianças já são um pouco mais fortes e crescidas do que dos demais locais onde a canoagem é oferecida, porém tanto a equipe masculina como a feminina remaram muito bem e saio daqui orgulhoso com o trabalho apresentado. Ano que vem vamos voltar ainda mais fortes”, pontuou.
Para a coordenadora do Projeto Magda Couras, o primeiro evento foi um sucesso e que deverá continuar pelos próximos anos, aumentando a quantidade de participantes, pois além da confraternização que é importante, faz parte das obrigações contratuais com a Itaipu Binacional: “Hoje estamos oferecendo canoagem a mais de 1.500 crianças de escolas públicas de Foz. Isso somente é possível graças à parceria com a Itaipu Binacional e o Município de Foz do Iguaçu, que nos cede essas estruturas educacionais excepcionais para a introdução de um esporte que a imensa maioria desse público-alvo não teria sequer condições de um dia experimentar essa atividade. Claro que nem todos pretendem ser atletas de canoagem, mas aqueles que se apaixonarem pelo esporte temos como oferecer a prática de forma mais assídua no Canal Itaipu, onde estão nossos melhores atletas. Aqui, o importante é a confraternização entre os núcleos”, disse.
Palavras do professor Jair Rojas da Silva:
Os projetos dos CEBs atendem crianças do primeiro ao quinto ano e são de extrema importância, pois descobrem novos valores no esporte e trabalham, principalmente a inclusão social.
Uma grande preocupação é onde eles irão quando estiverem no sexto ano? O CEB vai até o quinto ano. Semana passada estive conversando com o quinto ano e perguntando onde eles iriam e o que fariam? Uma criança respondeu que a mãe iria levar para treinar vôlei duas vezes por semana, outro disse que o pai iria colocar ele para treinar futebol, também duas vezes por semana, ambos pagos. E quem não puder pagar? E os outros dias da semana? As demais crianças não souberam responder. Vi que os olhos da maioria brilharam e se encheram de lágrimas, pois não teriam mais o Centro Escola Bairro.
Precisamos pensar em algo nesse sentido, pois é a melhor fase deles para o esporte e socialização e também sabemos que muitas vezes, o mundo lá fora chama eles nesta idade para praticar coisas ruins. Precisamos achar formas de mantê-los até os 12 anos neste modelo de Centro Escola Bairro, onde eles brincam e praticam várias modalidades esportivas. Aos 12 anos, eles já vão se integrando e entrando na modalidade específica que tiverem interesse e aqueles que não forem seguir no esporte, terão um grande aprendizado a mais.
Estou presidente da ONG Esportiva Meninos das Cataratas e esse ano o CAIC/Írio Manganelli, no Bairro Morumbi, adotou o período integral, e com isso não tem mais o CEB (contraturno escolar) neste bairro, o maior de Foz. Várias crianças ficaram na rua, sem destino, pois não comporta todos no período integral. Para atender esse público, reduzimos a idade para atender a todos nesta região e nosso espaço de treinamento está lotado de crianças praticando vôlei, balé e badminton.
O período integral é muito bom, sem sombra de dúvida, mas não atende a todos e custa três vezes mais que o contraturno escolar. Perguntamos: onde ficam os outros que não tiveram vagas? E aqueles que não podem ou não gostam do período integral? Algo que tem que ser pensado. Os CEBs hoje são algo maravilhoso que devemos dar mais atenção, pois une não só os seis centros, mas uma grande geração de novos talentos e principalmente ensinando novos valores a essas crianças.
Como são praticadas várias brincadeiras e modalidades esportivas, trabalham mente, corpo, psicomotricidade, lateralidade, pliometria, raciocínio rápido, espaçamento, educação, respeito, coordenação motora, velocidade. Percebemos muitas crianças com dificuldades de andar de costas (ré) e de dar as mãos para o amiguinho. Ensinando-os nessa idade, todos esses valores, eles vão levar para a vida toda.
Vivo essa situação todos os dias, pois sou Técnico Desportivo, atuante de segunda a sexta-feira no CEB Leonel Brizola, em Três Lagoas, e amo aquelas crianças, pois Jesus disse: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”.
Assessoria